O ex-comunista que abraçou a direita americana
James Burnham é o retrato vivo da turbulência intelectual do século XX. Marxista e trotskista nos anos 1930, tornou-se um dos ideólogos mais influentes do conservadorismo americano. Sua trajetória não foi uma simples mudança de lado, mas uma metamorfose profunda: as mesmas ferramentas teóricas que usou para criticar o capitalismo serviram, mais tarde, para demolir o liberalismo moderno. Em The Managerial Revolution, Burnham antecipou o poder das burocracias e mostrou como fascismo, comunismo e liberalismo progressista eram expressões de um mesmo fenômeno: o avanço do coletivismo. A partir daí, sua desilusão com o projeto liberal se transformou em militância anticomunista e defesa implacável do realismo político. Este capítulo revela como a experiência radical da esquerda americana forneceu, ironicamente, os alicerces do conservadorismo pós-guerra — uma reação que não nasceu do medo, mas da lucidez de quem conheceu o socialismo por dentro e decidiu combatê-lo com as mesmas armas intelectuais.


